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Um livro lançado em outubro pela Springer Nature reúne contribuições de pesquisadoras da Unicamp sobre racismo, gênero e políticas de inclusão no ensino superior. A professora Ana Oda, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), e Karina Regina Venancio, egressa do mestrado da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), são autoras do capítulo Affirmative Action Policies and the Decolonization of the Brazilian University, publicado na coletânea Dialogues on Decolonizing the University: Racialized Gender Transnational Learning.

O texto deriva da dissertação de mestrado de Venancio, defendida em 2023 no Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da FCA, sob orientação de Oda, que também integra o corpo docente do programa. A pesquisa, intitulada Impactos do racismo na vivência universitária: a experiência de estudantes negros em uma universidade pública brasileira (2017-2018), analisou como o racismo afeta a trajetória acadêmica e as relações no ambiente universitário.

No capítulo, as autoras apresentam um panorama das políticas de ação afirmativa no ensino superior brasileiro e discutem os impactos do racismo nas experiências de estudantes negros na Unicamp. A análise inclui dados de um estudo transversal com quase 6 mil estudantes de graduação, conduzido pelos professores Amilton dos Santos Júnior e Paulo Dalgalarrondo, ambos do Departamento de Psiquiatria da FCM. As pesquisadoras exploram ainda a interação entre racismo e sexismo a partir do conceito de gênero racializado.

Duas mulheres posam juntas e sorriem. A mulher à esquerda tem cabelos cacheados, veste uma blusa preta de alças largas e usa colares delicados. A mulher à direita tem cabelos lisos na altura dos ombros, usa óculos e veste uma blusa escura estampada com flores claras. Elas estão em um ambiente interno com fundo claro.
Karina Venancio e Ana Oda./ Foto: divulgação

“Partimos da observação de que as políticas de ação afirmativa vêm ampliando o acesso de estudantes negros, indígenas e de outros grupos marginalizados às universidades públicas, porém, isso tem revelado ou acentuado discriminações estruturais de raça, gênero e classe”, afirma Oda. As autoras destacam que mulheres negras relataram enfrentar níveis mais intensos de discriminação, especialmente relacionados à aparência. “Cabelos ou penteados afro foram mencionados como alvos de desconforto e curiosidade nos espaços acadêmicos. Isto indica que, para as mulheres negras, as experiências de racismo não podem ser separadas de questões de gênero, e tais opressões atuam de forma sinérgica”, declara.

As pesquisadoras ressaltam que os dados analisados foram coletados antes da adoção das cotas raciais na Unicamp, em 2019, fornecendo um panorama que pode subsidiar estudos futuros. “A publicação é importante por compartilhar a experiência brasileira internacionalmente, e indicar que, embora as políticas de ação afirmativa tenham ampliado o acesso à universidade, este é apenas o primeiro passo. São necessários esforços subsequentes para promover agendas antirracistas e de igualdade de gênero, aumentar a representação de grupos excluídos não só na graduação, mas também na pós-graduação e no corpo docente. Também é preciso integrar novos temas, conhecimentos e epistemologias nos currículos, nos métodos de ensino e nos programas de pesquisa da universidade”, completa a professora.

O livro Dialogues on Decolonizing the University: Racialized Gender Transnational Learning, editado por Alude Mahali e Shirley Anne Tate, reúne análises sobre a interseccionalidade entre gênero e raça nos processos de decolonização universitária em contextos da América Latina, África, Europa e América do Norte. A obra integra a série Mapping Global Racisms, publicada pelo selo Palgrave Macmillan, da Springer Nature. O e-book está disponível gratuitamente no site da Springer, com acesso via Unicamp: https://link.springer.com/book/10.1007/978-3-031-94451-2

Fotografia das editoras Alude Mahali e Shirley Anne Tate. Alude, à esquerda, é uma mulher negra de cabelos cacheados, usando blusa preta e colar. Shirley, à direita, é uma mulher de cabelos castanhos na altura dos ombros, usando blusa florida preta com detalhes brancos. Ambas sorriem para a câmera em fundo branco.
Capa do livro com participação de pesquisadoras da Unicamp./ Imagem: Springer Nature
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