
No dia 8 de agosto, o Auditório Sérgio Arouca do Departamento de Saúde Coletiva (DSC) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp recebeu o professor Sérgio Antônio da Silva Leite, da Faculdade de Educação, para uma palestra com o tema “A avaliação e o planejamento de ensino na Educação Médica”. O evento, parte da programação “Saúde Coletiva ao Meio Dia”, contou com a presença de docentes, estudantes e profissionais da área, além de uma breve abertura do chefe do DSC, Sérgio Roberto de Lucca, e do professor Gustavo Tenório, anfitrião da atividade.
Em sua apresentação, professor Sérgio Leite destacou a importância de repensar os modelos tradicionais de ensino, que muitas vezes priorizam a transmissão de conhecimento de forma unilateral, tratando o aluno como um receptor passivo. Ele criticou a ênfase excessiva em aulas expositivas, que, segundo pesquisas, têm um potencial limitado de retenção de conteúdo (cerca de 10 a 20%). “O aluno aprende de verdade quando se envolve ativamente com o conhecimento, não apenas ouvindo”, afirmou.

Leite também abordou a avaliação como um instrumento que, no modelo tradicional, serve mais para classificar e excluir do que para promover a aprendizagem. “A avaliação virou um ranking, um jeito de separar quem é ‘bom’ ou ‘ruim’, mas ela deveria ser uma ferramenta de aprendizado”, ressaltou. Ele defendeu uma abordagem interacionista, baseada em teorias que revisitam e atualizam autores como Piaget e Vygotsky, e que valorizam a construção do conhecimento por meio da relação ativa entre aluno, objeto de estudo e mediador (professor).
Um dos pontos centrais da exposição do educador foi a discussão sobre a dimensão afetiva no processo de ensino-aprendizagem. O professor Sérgio Leite, que coordena o Grupo do Afeto, destacou como a relação emocional entre alunos e conteúdos pode ser determinante para o sucesso ou fracasso educacional. “Um professor inesquecível é aquele que não só ensina, mas inspira os alunos a gostarem do que aprendem”, explicou. Ele citou exemplos de como mediações pedagógicas negativas — como aulas intimidatórias ou desmotivadoras — podem criar aversão a certas disciplinas, enquanto experiências positivas fortalecem o vínculo com o conhecimento.

A palestra também contextualizou as discussões no âmbito das transformações em curso na Unicamp, como a revisão das disciplinas e a implementação de um sistema de avaliação centralizado. O professor Gustavo Tenório, anfitrião do evento, reforçou a relevância do tema para a educação médica, especialmente em um momento de reformas curriculares. “Precisamos refletir sobre como avaliamos e como isso impacta a formação dos estudantes”, disse.
O evento contou, também, com a participação do diretor associado da FCM, Erich Vinicius de Paula, e dos coordenadores do curso de Medicina, Fábio Hüsemann Menezes e Eloisa Helena Rubello Valler Celeri.