A Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência em Países em Desenvolvimento (TWAS) elegeu Iscia Lopes Cendes, docente do Departamento de Genética Médica e Medicina Genômica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, como membro em 2024, em reconhecimento às suas destacadas contribuições à ciência e ao fortalecimento do conhecimento no Sul Global. O diploma foi entregue durante a 17ª Conferência Geral da TWAS, realizada no Rio de Janeiro, de 29 de setembro a 2 de outubro.
A conferência é realizada a cada dois anos e, nesta edição, contou com o apoio da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da qual Iscia também é membro. Entre os destaques do evento estiveram as discussões sobre o fortalecimento da colaboração científica entre países do Sul Global e a importância do investimento em ciência como base para o desenvolvimento sustentável. Iscia participou de encontros com pesquisadores de diversas regiões, debatendo temas relacionados à saúde, inovação e inclusão científica.

Segundo a docente, o momento foi marcante por valorizar a ciência produzida no Sul Global. “Foi inspirador ver tantos cientistas comprometidos com o avanço do conhecimento e com o impacto social da pesquisa”, afirmou. Sobre o significado do reconhecimento, Iscia declarou: “É uma grande honra e também uma responsabilidade. A TWAS representa o compromisso com a ciência voltada a melhorar a vida das pessoas, especialmente em países em desenvolvimento. Ser reconhecida por esse trabalho me motiva ainda mais a continuar lutando por uma ciência aberta, inclusiva e com impacto real na sociedade”.
A professora acredita que sua trajetória, unindo pesquisa de excelência, formação de jovens cientistas e promoção da colaboração internacional, foi determinante para a conquista. “Sempre acreditei que fazer ciência no Brasil — e para o Brasil — é possível e essencial, e tenho buscado mostrar isso ao longo da minha carreira”, destacou. Para Iscia, o reconhecimento reforça o papel da Unicamp como centro de excelência científica e serve como inspiração para novas gerações.

Com relação à inserção do Brasil e da América Latina no cenário internacional, Iscia ressalta que há grupos de pesquisa de excelência e ciência de altíssimo nível, apesar das dificuldades. “A genética e a genômica na América Latina têm mostrado contribuições significativas, principalmente ligadas à nossa diversidade genética e suas implicações na construção da medicina do futuro. As aplicações da genômica na medicina têm avançado muito no país, contribuindo para a inclusão da medicina e da saúde pública de precisão no SUS. O que precisamos agora é de investimento contínuo e de políticas que garantam que o conhecimento gerado aqui seja valorizado e aplicado em benefício da nossa população”, afirmou.
“Espero que sirva especialmente às jovens mulheres que sonham em seguir a carreira científica. Que elas saibam que é possível, sim, ocupar esses espaços e contribuir para mudar o mundo por meio da ciência. Em um tempo em que o pensamento científico tem sido questionado, precisamos reafirmar, com convicção, que é pela ciência que avançamos como sociedade”, finalizou Iscia.

A TWAS
A Academia Mundial de Ciências para o avanço da ciência em países em desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês) foi fundada em 1983 por um grupo de cientistas do mundo em desenvolvimento, sob a liderança de Abdus Salam, físico paquistanês e ganhador do Nobel. A TWAS é associada à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e trabalha para apoiar a prosperidade sustentável por meio de pesquisa, educação, política e diplomacia. A organização tem membros de mais de 100 países.