
Em cerimônia emocionante realizada no dia 24 de maio, o Serviço de Cirurgia Endovascular – Centro de Referência de Alta Complexidade em Angio-Radiologia e Cirurgia Endovascular – do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp celebrou seu Jubileu de Prata. Com 25 anos de história, o serviço criado e liderado pela professora Ana Terezinha Guillaumon, chefe do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), se consolidou como um dos mais importantes do país, sendo o primeiro do Brasil credenciado pelo Ministério da Saúde para procedimentos endovasculares.
A solenidade reuniu docentes e médicos da FCM e HC, egressos do Programa de Residência Médica, colaboradores e autoridades, que acompanharam depoimentos emocionantes sobre a evolução do serviço. “Quando decidimos criar essa área, foi um ato de coragem. Tínhamos apenas um arco cirúrgico simples e cateteres reutilizáveis. Mas contávamos com residentes tão sonhadores e determinados quanto eu”, recordou Ana Terezinha, visivelmente emocionada.

Os números impressionam: de uma capacidade inicial para atender 2 milhões de pessoas, o serviço de referência hoje alcança 11 milhões de pacientes em 98 municípios do estado de São Paulo. Das cerca de 1.100 cirurgias vasculares realizadas no HC, em 2024, aproximadamente 900 foram pelo método endovascular. “Nossos pacientes são os abandonados do sistema. Aqueles que a Saúde Pública muitas vezes não consegue acolher. E são justamente eles que mais precisam de nós”, destacou a professora.
A superintendente do HC, Elaine Cristina de Ataíde, enfatizou os desafios de manter um serviço de alta complexidade no SUS: “Credenciar um serviço como este no Ministério da Saúde sempre foi difícil. Há 25 anos, era quase impossível. Mas a professora Terezinha teve a visão e a persistência para transformar esse sonho em realidade”.

A trajetória acadêmica do serviço é igualmente impressionante. Nessas duas décadas e meia de existência foram 85 teses defendidas, 290 trabalhos científicos apresentados em congressos, 49 capítulos de livros publicados e 3 livros editados.
Gerações de especialistas passaram pelo serviço, muitos hoje ocupando posições de destaque em hospitais de referência. Marcos Ageu, primeiro residente da área e hoje coordenador do serviço vascular do Hospital Municipal de São José dos Campos, compartilhou: “Tudo o que construí na minha carreira veio da base que recebi aqui. Aprendi que Medicina de excelência e SUS podem e devem caminhar juntos”.




















Já a médica Maria Lucia Rodrigues, que atua no interior da Bahia, fez um relato comovente: “Trabalho há anos tentando implementar um serviço como este no SUS da Bahia. Só quem está fora entende o privilégio que é ter uma estrutura como essa da Unicamp.”
A cerimônia destacou também o papel pioneiro da professora Ana Terezinha em abrir caminho para as mulheres na cirurgia vascular, especialidade historicamente masculina. Curiosamente, a equipe atual tem mais mulheres que homens, fato que a professora explicou com bom humor: “Não foi planejado. Simplesmente elas foram as melhores nas provas!”
Natália Galvão, uma das médicas do serviço, ressaltou: “A professora Terezinha nos mostrou que é possível ser mulher, mãe e excelente cirurgiã vascular. Ela quebrou paradigmas e nos inspira diariamente”, disse emocionada. Leia a íntegra da homenagem lida por Natália, aqui.
Os avanços tecnológicos mais recentes, como a inauguração em 2016 da suíte endovascular no Centro Cirúrgico do HC, equipada com tecnologia de última geração, também foi destacado.
“É muito bonito ver a evolução da Endovascular. Saber que os que vieram antes operavam e faziam o que faziam e tratavam os doentes com tanta excelência, muitas vezes tendo que parar o procedimento, momentaneamente, por conta do superaquecimento do arco cirúrgico. Como é gratificante observar que hoje temos uma suíte de primeiro nível, que nos permite realizar procedimentos complexos com precisão milimétrica”, disse a médica assistente do HC, Carolina Masson.
Os avanços continuarão
Durante o café de encerramento, os especialistas conversaram sobre os próximos desafios: ampliar o acesso às técnicas endovasculares no SUS e implementar um programa de telemedicina para capacitar profissionais em outras regiões.
“Estamos trabalhando em um laboratório de processamento de imagens 3D para planejamento cirúrgico. Queremos oferecer ainda mais precisão e segurança aos nossos pacientes. Sonhamos com o dia em que todo paciente do Brasil terá acesso a esse tipo de tratamento”, comentou Ana Terezinha, sob o olhar atento e emocionado de todos os profissionais que ajudou a formar, e com quem conviveu profissionalmente nesses 25 anos.
Confira a lista de presença, em ordem alfabética, dos egressos e residentes do Programa de Residência Médica em Cirurgia Endovascular
Egressos que atuam outras cidades
Lucas Freire
Marcos Ageu
Marcos Monge
Maria Lucia Rodrigues
Marieta Marques
Egressos que atuam no HC da Unicamp como médicos assistentes do Serviço de Cirurgia Endovascular
Alexandre Zem
Carolina Masson
Joao Felipe Federici
Natalia Galvao
Sofia Tronconi
Residentes atuais
Alice Carranza (R3)
Ana Julia Talma (R3)
Helena Barbi (R5)
Mariana Willes (R5)
Nicholas Nascimento (R3)
Otavio Guisard (R4)