Conteúdo principal Menu principal Rodapé
Destaques Imprensa

Material do PPG em Gerontologia da FCM avalia coexistência entre doença cardiovascular, fragilidade e limitações nas atividades cotidianas em pessoas a partir de 50 anos

Um guia simples e didático para orientar o raciocínio clínico na Atenção Primária, facilitando o planejamento de cuidados individualizados, foi elaborado no Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O fluxograma “Investigação da fragilidade, doenças cardiovasculares e limitação nas atividades cotidianas em pessoas com 50 anos ou mais” integra a dissertação de mestrado de Júlia Reis, defendida em abril de 2025. A pesquisa foi orientada pela professora Flávia Arbex, do Departamento de Clínica Médica da FCM. A arte visual foi desenvolvida pela pesquisadora Daniela de Assumpção.

Fluxograma colorido, com setas e caixas de decisão, sobre a investigação da fragilidade, doenças cardiovasculares e limitações nas atividades cotidianas em pessoas com 50 anos ou mais, incluindo critérios de avaliação, classificações (pré-frágil, frágil e robusto) e orientações para condutas clínicas.
O material inclui, entre outros: investigação de doenças cardiovasculares; rastreio da fragilidade (critérios de Fried et al.); e investigação de limitações nas atividades instrumentais de vida diária. Imagem: Daniela de Assumpção

A ferramenta apoia profissionais da saúde na avaliação e no rastreio da fragilidade, de doenças cardiovasculares e das limitações nas atividades da vida diária em pessoas com 50 anos ou mais, com foco no cuidado multiprofissional, longitudinal e centrado na pessoa. A coexistência entre doença cardiovascular e fragilidade tem impacto significativo na capacidade funcional e, quando presentes juntas, aumentam a prevalência de limitações nas atividades cotidianas, reforçando a complexidade do manejo clínico.

“A ideia surgiu a partir dos resultados do meu mestrado, que mostraram que, quando doença cardiovascular (DCV) e fragilidade coexistem, o risco de limitações nas atividades instrumentais é maior. Na prática clínica, percebo que muitas vezes essas condições são avaliadas separadamente ou de forma superficial, o que pode atrasar intervenções importantes. O guia foi pensado justamente para preencher essa lacuna, reunindo critérios claros e um passo a passo visual que ajude o profissional a identificar, no mesmo momento, a presença das duas condições e o impacto funcional — facilitando decisões e encaminhamentos mais assertivos”, afirmou Júlia.

Três mulheres posam para foto em uma sala de aula, duas de pé ao lado direito e esquerdo da tela de projeção, e a terceira participando por videoconferência projetada na tela. À frente, sobre a mesa, há um notebook, papéis e garrafas de água.
Daniella Pires Nunes, Karla Helena Coelho Vilaça, Flávia Arbex e Júlia Reis em defesa do mestrado, em 2025

Segundo a pesquisadora, o dado mais marcante foi o impacto expressivo da coexistência entre DCV e fragilidade na prevalência de limitações nas atividades instrumentais de vida diária — efeito ainda mais acentuado do que quando essas condições ocorrem isoladamente. Essa combinação evidencia a complexidade do manejo clínico, pois a sobreposição dos efeitos dificulta intervenções eficazes e demanda estratégias integradas.

“Além disso, surpreendeu-nos observar que, ao analisar a coexistência, a fragilidade se sobressaiu em relação à DCV como fator determinante no comprometimento funcional. Esse dado acende um alerta para a necessidade de atenção precoce a essa condição, especialmente a partir dos 50 anos, faixa etária inicial da população estudada, reforçando a urgência de incorporar avaliações e intervenções voltadas à fragilidade desde essa etapa da vida”, completou.

Mulher sorridente, usando blazer preto, posa ao lado de um monitor que exibe apresentação intitulada “Associação entre as doenças cardiovasculares e a fragilidade: ELSI – Brasil”, com nomes das autoras e logos institucionais.
Autora do estudo em Congresso Brasileiro de Cardiogeriatria, em 2023

Para Júlia, a avaliação integrada dos três fatores é fundamental devido à inter-relação complexa entre eles, que impacta diretamente a capacidade funcional e o prognóstico clínico. A fragilidade, caracterizada por vulnerabilidade sistêmica, potencializa os efeitos adversos das DCV, aumentando o risco de hospitalizações e declínio funcional. A presença simultânea dessas condições eleva a prevalência de limitações nas atividades da vida diária (AVDs), comprometendo a independência de pessoas com 50 anos ou mais. Uma abordagem integrada permite a identificação precoce dos riscos, o planejamento de intervenções multidisciplinares personalizadas e o monitoramento longitudinal, favorecendo estratégias preventivas e reabilitadoras.

Por fim, a mestre em Gerontologia destaca a relevância do material para diferentes profissionais da saúde. “O rastreio integrado da fragilidade e das doenças cardiovasculares é uma ferramenta prática e eficiente, pois permite identificar rapidamente as pessoas com maior risco de comprometimento funcional e, quando esse já está presente, apontar quais atividades estão afetadas. Essa abordagem simples facilita a tomada de decisão clínica e a implementação precoce de intervenções, otimizando o cuidado e prevenindo o agravamento das condições. Pretendemos validar o fluxograma na prática clínica e adaptá-lo para diferentes contextos do SUS, garantindo sua aplicabilidade e relevância para a equipe multiprofissional”.

Duas mulheres sorridentes posam ao lado de um painel digital que exibe um pôster científico intitulado “Coexistência da doença cardiovascular e da fragilidade e relação com a capacidade funcional de pessoas brasileiras”. O pôster apresenta introdução, objetivo, método, resultados, conclusão e um gráfico, com logos institucionais na parte superior.
Flávia e Júlia apresentam trabalho em congresso em 2024
Ir para o topo