
A transição da adolescência para a idade adulta é um estágio crítico do desenvolvimento caracterizado por significativas mudanças psicológicas, sociais e de responsabilidades. Esta transição envolve a aquisição de novos papéis sociais, estabelecimento de autonomia e a preparação para um funcionamento emocional e atitudinal mais independentes. Este é, também, um tempo de instabilidade já que estas mudanças exigem grandes ajustes, o desenvolvimento de habilidades e o aprendizado de novas formas de lidar com as vivências que se apresentam.
A entrada na Universidade inaugura para grande parte destes jovens este momento de transição, que inclui a saída da casa dos pais, o estabelecimento de uma nova rede de amigos; uma época de descoberta intelectual, social, cultural e de desenvolvimento pessoal, com o oferecimento de insights e novas formas de pensar e questionar antigos valores e opiniões. Este processo de aprendizado e ajustes possibilita o abandono de antigos papéis e a assunção de novos. Porém, para muitos estudantes, a Universidade pode se tornar um evento de vida estressante, trazendo significativos desafios acadêmicos, familiares, sociais e financeiros.
Muitos estudantes universitários têm sido diagnosticados com problemas de saúde mental e estudos apontam uma associação entre estes problemas e as dificuldades de lidar com os desafios da vida diária, financeira e performance acadêmica e apontam a importância do suporte social de familiares e amigos, de professores, mentores e da estrutura institucional para o bem-estar dos estudantes, com grande impacto sobre a performance acadêmica, emocional e social.
O conceito de bem-estar é um constructo multidimensional envolvendo aspectos psicológicos, emocionais e sociais. Diversos fatores têm sido descritos como associados ao sentimento de bem-estar como percepção de suporte social (familiar e com os pares), relacionamento estudante- professor/supervisor, suporte educacional da instituição, ambiente interno nos vários grupos acadêmicos (compartilhamento de propósitos, apoio e voz) e avaliação adequada.
Nós professores, supervisores e preceptores podemos contribuir com este bem estar através de um relacionamento com os estudantes apoiado numa escuta atenta e empática, no comprometimento com o ensino e com feedbacks que busquem o desenvolvimento pessoal e de competências e habilidades necessárias para a formação de um profissional em sintonia com o projeto pedagógico do nosso curso; contribuindo para seu engajamento acadêmico, isto é, um sentimento de comprometimento e desafio e um senso de significância, que precisa acompanhar toda experiência de aprendizado. Quando os estudantes se interessam pelo objeto de estudo e aprendem a conhecer, a fazer, a ser e a viver juntos, sentem-se desafiados, demonstrando engajamento acadêmico e social, podemos então, como professores nos sentir realizados.