
A formação médica é complexa. Atualmente, existem inúmeras estratégias didáticas utilizadas para o aprimorar o ensino médico. Entretanto, nenhuma prescinde da necessidade da aquisição gradual e escalonada de conhecimento teórico bem como de competências. Ao iniciar sua trajetória o aluno precisa aplicar conhecimentos adquiridos no ensino médio sobre biologia, física, química, matemática para que aprenda os conceitos de histologia, anatomia, fisiologia, biologia celular entre outros. O início é árduo. Recentemente, a FCM iniciou um programa de Mentoria para acolher os novos alunos e diminuir a evasão estudantil. Neste processo, foi possível identificar que a maior frustração dos acadêmicos é perceber que, nesta fase inicial da formação, terão pouco contato com pacientes e doenças. Os mentores e docentes se esforçam para estabelecer conexões entre a ciência básica e a aplicada para diminuir a frustração.
Findados os anos iniciais, acadêmicos iniciam o estudo das doenças na patologia e, gradualmente, o contato com os pacientes aumenta. Chega então o momento para aplicar os conhecimentos adquiridos à prática clínica. Nesta fase, os campos de estágio são fundamentais para garantir ao aluno contato com todos os níveis de complexidade do sistema de saúde. A vivência prática em patologias de baixa, média e alta complexidade permite ao graduando vivenciar e conviver com momentos de dor e, felizmente, momentos de cura. Campos de estágios em UBS e hospitais são, portanto, a base sustentadora de uma formação médica de excelência e de qualidade.
A FCM oferece um campo de estágio amplo e que contém todos os níveis de complexidade. Neste contexto, o Hospital Estadual Sumaré (HES) há 25 anos é uma das instituições onde os alunos da medicina são inseridos. Para se ter uma ideia da importância do HES para os alunos, entre os anos de 2005 e 2024, 11.560 alunos do curso de medicina e 4.182 médicos residentes fizeram estágio na instituição. O hospital é referência para aproximadamente 1,2 milhões de habitantes e está situado entre os níveis secundários e terciários na assistência à saúde. Nele, os alunos podem vivenciar o tratamento de doenças prevalentes na população. Assistência ao parto, atendimento inicial ao recém-nascido, tratamento da pneumonia no adulto e na criança, tratamento inicial ao AVC agudo, tratamento cirúrgico da colecistite e da apendicite, tratamento cirúrgico da fratura do fêmur no idoso, entre muitos outros são exemplos de procedimentos realizados diariamente no hospital e nos quais os alunos estão inseridos. Não por acaso, a parceria entre Secretaria de Estado e a Unicamp deu “grandes frutos”: o Hospital conquistou a Acreditação Nacional Nível III (excelência) chancelada pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) e foi o primeiro hospital público do interior a conquistar a Acreditação Internacional Canadense, sempre tendo como diretriz principal a segurança do paciente. Conceitos de custo-efetividade são permanentemente abordados na instituição e amplamente divulgados entre colaboradores e os estudantes. Toda o percurso percorrido pelo hospital culminou com a premiação em 2024 de melhor hospital público do Brasil.
No ano de 2025, o contrato de gestão do hospital está sofrendo uma transição administrativa da Unicamp para a Funcamp. Naturalmente, o processo de mudança foi complexo. A atuação da FCM, dos alunos, da sociedade civil, da Diretoria Executiva da Área da Saúde (DEAS) da Unicamp e da Secretaria de Estado da Saúde permitiu que a transição administrativa esteja sendo feita sem interrupção do ciclo virtuoso de parceria entre a Faculdade e a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Ao fazermos esta retrospectiva, fica claro a importância do HES para os alunos da FCM e, principalmente, para a população que é atendida por um corpo clínico altamente qualificado. Que esta parceria de sucesso tenha vida longa, continue sempre a contribuir com a formação médica de qualidade e garantir um atendimento de excelência à população.