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Estudo da Unicamp sobre aparecimento tardio de sintomas neuropsiquiátricos em pessoas idosas é premiado em congresso nacional da área

Sob a orientação da professora Renata Cruz Soares de Azevedo do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e com o apoio do Ambulatório de Psicogeriatria do Hospital de Clínicas (HC), o trabalho realizado pelo grupo de pesquisadores composto pelos médicos residentes Arthur Tolentino, Felipe Mendonça, Liliane Smaniotto, Ana Schumacher, Felipe Santaella, Lais Ker, e os psicogeriatras Marina Guitti, Lucas Barnes e Lucas F. B. Mella foi premiado durante o Congresso Brain – Cérebro, Comportamento e Emoções, um dos principais eventos científicos na área de Psiquiatria do país.

Realizado de 18 a 21 de junho, em Fortaleza, Ceará, o Brain 2025 reuniu mais de 6.000 pesquisadores, profissionais e estudantes de diversas instituições do país, com foco em temas contemporâneos da neurociência, saúde mental, neurologia e inovações terapêuticas, com grande visibilidade e impacto científico no campo da psiquiatria.

Os pesquisadores da Unicamp foram premiados na categoria Jovem Pesquisador, voltada ao fomento da produção científica entre os pesquisadores com até 40 anos. Dentre os diversos trabalhos submetidos nessa categoria, os melhores trabalhos, com base na nota final de avaliação, receberam a premiação e uma bolsa integral de inscrição para o Brain 2026.

Intitulado Frequência e intensidade dos subdomínios do comprometimento comportamental leve em pacientes com declínio cognitivo subjetivo: uma revisão sistemática com metanálise e metarregressão, o estudo conduzido pelos pesquisadores da Unicamp fez uma interseção entre Psiquiatria e Neurologia do envelhecimento, abordando o Comprometimento Comportamental Leve (MBI, sigla em inglês para Mild Behavioral Impairment).

Segundo explicou o médico residente e primeiro autor do estudo, Arthur Tolentino, o MBI é uma síndrome caracterizada pelo aparecimento tardio de sintomas neuropsiquiátricos em pessoas idosas que, do ponto de vista cognitivo, ainda são consideradas normais ou estão em estágios muito iniciais de declínio — como o Declínio Cognitivo Subjetivo (DCS), em que a pessoa percebe piora da memória, mas os testes ainda não mostram alterações objetivas.

“Nosso objetivo foi realizar uma revisão sistemática com metanálise para investigar a frequência e a intensidade dos subdomínios do MBI (como apatia, irritabilidade, descontrole de impulsos e alterações no conteúdo do pensamento) em pacientes com DCS — e comparar esses achados com aqueles observados em indivíduos já com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL). A metanálise é uma técnica para reunir e analisar os resultados de vários estudos já publicados sobre um mesmo tema. Em vez de depender apenas de um único estudo, a metanálise combina os dados de diferentes trabalhos para gerar uma conclusão mais sólida, confiável e precisa”, disse.

Ainda de acordo com o pesquisador, os resultados mostraram que os subdomínios do MBI foram bastante frequentes nesta população com queixas cognitivas subjetivas. Os sintomas foram ainda significativamente mais presentes e intensos em indivíduos com CCL, especialmente nos domínios de apatia, desregulação afetiva e descontrole de impulsos, indicando uma possível associação com declínio cognitivo. Além disso, foi possível observar uma associação entre sintomas comportamentais ou achados de neuroimagem sugestivos de neurodegeneração.

“Essa conclusão reforça a importância de avaliar sistematicamente sintomas comportamentais em idosos, mesmo quando eles ainda não apresentam déficit cognitivo evidente, pois isso pode representar um sinal precoce de doenças neurodegenerativas. O estudo fortalece a ideia de que a saúde mental do idoso deve ser investigada não só do ponto de vista da memória, mas também do comportamento e da regulação emocional, ressaltando o papel fundamental do psicogeriatra no cuidado desta população”, afirmou.

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